Foste



Jogado no chão meditando ao girar da luz,
Pensando numa canção que eu nunca  compus
Relembro o que agente fazia:
Sempre agitando, escrevendo poesia,
Movimentando entre palcos e tablados
Se eu pegava o mic, tinha rima de modo desacerbado

Nesses dias sempre se fazia,
Manifestos intragáveis eu dizia o que queria
Sem se importar se era aplaudido ou vaiado
Defendo a ideia com a carne e fico todo ralado
Quando saio no tapa até pareço ativista
Duma causa bem maior que mero pseudo anarquista.

Relembro sempre o que agente fazia
Calça street puída sempre cheira a nostalgia
Dando um role de bobeira na rua
Ou dropando bailes no Rio
A filosofia rolava de forma nua
contra este estado sombrio.

Existem vários esquemas,
Divididos por mandalas
Cada qual contra um problema
Que nasceu numa esquecida senzala
Por isso se lutava sempre contra o mal
Para conservar a poesia mesmo no verso final.

(Tiago Malta, Rio de Janeiro 08/11/2002, Do quinto Caderno da Sabedoria)

Fluência, manifesto poético pró Malkaviano


Se me chamares na minha casa
Para contar novas notícias
Do pasquim da depressão
Eu baterei a porta na sua cara.

Minha biga esta cansada dos velhos Shires
Preciso de Cavalos Árabes
Para atravessar essa seca
E chegar em Pasárgada.

É engraçado o medo que uns têm de pular o muro e continuar a jornada.

Calmaria?!?!?!
Foda-se a calmaria!!!
Prefiro o caos amigo que há de salvar meus versos.

Prefiro que meus olhos revirem
Minha boca gargalhe
Em vez daquela estática.
Não cheguem perto poetas medrosos
Estou cansado das mesmas notícias
Disfarçada de poemas baratos
Com as mesmas estrofes
Tétricas e obtusas.

Criando novos versos
Destruirei velhos sonetos
(os em formação são bem vindo)
Para que a nova poesia surja
Extinguindo a métrica nunca alcançada
(as uvas estão verdes)
Alcançarei a todos.


(Tiago Malta, Sétimo Caderno da Sabedoria - Rio de Janeiro, 11 de Fevereiro de 2002)