Contrição



Quem sabe eu não sou ainda
Só mais um garoto "dibob"
Sentado no meio fio,
Esperando o lotação
Com uma roupa “dibatê”.

Olhando pra cima
Olhando pras pernas daquelas meninas
Que nunca vão as tavernas
Que costumo frequentar.

Não ser bem compreendido
(...) ficar perambulando (...)
Menina de vestido vem aqui caminhando (rebolando)
E vem ficar comigo.

Tomara que ela sente numa cadeira qualquer
Aqui na rodoviária
Onde estarei grafando esses versos e outras músicas
Dedicados a elas.

(Tiago Malta – Sétimo Caderno da Sabedoria)



O Doce cheiro do muro recém erguido


A lentilha ta no fogo
Vamos botar a mesa
Preparando com zelo
Espantando assim a tristeza

Ergueram muro, ainda ta cheirando a cimento
Passar a massa corrida pra fazer um painel
Não tem lógica gente chorando
Nesse julgamento sem júri, quem será o réu?

O cheiro adocicado da obra
Mas doce ela não é
Precisamos não mais ficar aqui
Partir, e resgatar nossa (falsa) antiga fé.

(Tiago Malta – Sétimo Caderno da Sabedoria)