Foste



Jogado no chão meditando ao girar da luz,
Pensando numa canção que eu nunca  compus
Relembro o que agente fazia:
Sempre agitando, escrevendo poesia,
Movimentando entre palcos e tablados
Se eu pegava o mic, tinha rima de modo desacerbado

Nesses dias sempre se fazia,
Manifestos intragáveis eu dizia o que queria
Sem se importar se era aplaudido ou vaiado
Defendo a ideia com a carne e fico todo ralado
Quando saio no tapa até pareço ativista
Duma causa bem maior que mero pseudo anarquista.

Relembro sempre o que agente fazia
Calça street puída sempre cheira a nostalgia
Dando um role de bobeira na rua
Ou dropando bailes no Rio
A filosofia rolava de forma nua
contra este estado sombrio.

Existem vários esquemas,
Divididos por mandalas
Cada qual contra um problema
Que nasceu numa esquecida senzala
Por isso se lutava sempre contra o mal
Para conservar a poesia mesmo no verso final.

(Tiago Malta, Rio de Janeiro 08/11/2002, Do quinto Caderno da Sabedoria)